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Coleção Arquivos Celso Furtado


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O Centro Internacional Celso Furtado e a Editora Contraponto se uniram para lançar a Coleção Arquivos Celso Furtado, com o objetivo de trazer a público trabalhos ainda inéditos do professor. O material – manuscritos, anotações de cursos, estudos preliminares, relatórios, correspondência, entrevistas e artigos – foi organizado pela viúva do professor, Rosa Freire d’Aguiar. Em cada edição, autores contemporâneos comentam a obra.
 
Herdeira dos arquivos de Celso Furtado, Rosa lembra que tão necessária como a reedição de  seus livros era a divulgação de documentos de seus arquivos pessoais. “Não se trata apenas de  publicar arquivos mortos, mas de resgatar a atualidade subjacente a eles, como contribuição ao  debate em torno das idéias de Celso. Afinal, como ele mesmo escreveu, ‘nem sempre as ideias ficam obsoletas com o passar do tempo; por vezes, ganham em vigor’. Explica que Celso Furtado saiu da Paraíba aos 19 anos, para cursar a faculdade de Direito no Rio de Janeiro, e daí iniciou uma série de longas permanências no exterior, na Itália, como oficial da FEB (1944-45), em Paris, onde se doutorou pela Universidade de Paris (1946-48), no Chile, como funcionário da Cepal (1949-57), no Nordeste, como Superintendente da Sudene (1958-64), e nos Estados Unidos e na França, durante o longo exílio (1964-85). Paradoxalmente, sua  ausência do Brasil levou sua família a guardar, e não dispersar, seus arquivos de épocas passadas. Assim, seus documentos pessoais se preservaram muito mais do que seria de esperar numa vida atribulada de tantas mudanças de cidades e continentes.
 

Grande parte desses arquivos se destacam pela raridade e pela riqueza histórica, como os referentes à Segunda Guerra Mundial, aos primórdios da Sudene e à convivência de Celso Furtado com os presidentes Kubitschek, Janio Quadros e João Goulart, à criação do  Ministério do Planejamento (ele foi o primeiro titular do cargo), à consolidação e ocupação do Ministério da Cultura, à correspondência trocada com intelectuais e economistas europeus e latino-americanos desde os anos 1950 etc. É este acervo de inestimável valor, composto de originais de obras suas, textos inéditos, centenas de entrevistas, fotos, correspondência enviada e recebida, recortes de imprensa, documentos ligados à história do Brasil na segunda metade do século XX, que forma a base da coleção Arquivos Celso Furtado. Rosa explica os critérios que, a seu ver, balizam esse projeto de transmissão de uma herança intelectual. Esta não se faz só por textos, mas também por contextos. Daí sua ideia de, para cada número de “Arquivos...”, pedir a um especialista no tema tratado (a coleção é temática) um artigo que situe a importância dos documentos de Celso Furtado ali reunidos: seu valor no tempo passado e/ou sua atualidade para o tempo presente. Outro marca dessa coleção é, a cada número, o texto por ela escrito a partir de cartas de Celso que estão sob sua guarda. As cartas são dirigidas a amigos, familiares, pesquisadores, e costumam ser extremamente reveladoras de seu estado de espírito no momento. Esses textos que Rosa prepara para cada volume, necessariamente mais subjetivos, também são fruto de suas inúmeras conversas com Celso a respeito de seus arquivos.  

A coleção “Arquivos Celso Furtado”, criada em 2008, e que desde então vem publicando um número por ano, é uma coedição do Centro Celso Furtado e da editora Contraponto. Até agora foram lançados:

Arquivos 1Ensaios sobre a Venezuela: o subdesenvolvimento com abundância de divisas. (Estudo de Rosa Freire d’Aguiar sobre correspondência Celso Furtado-colegas da Cepal em 1957-58; textos inéditos de Celso Furtado: “Estudo sobre a Venezuela”, de 1957, em que antecipa a “doença holandesa”; “Notas sobre a Venezuela”, de 1974; artigo “Celso Furtado e o desenvolvimento a partir dos recursos naturais não renováveis”, de Abdel Sid Ahmed, especialista nas economias árabes petroleiras, etc.)

Arquivos 2Economia do desenvolvimento: curso dado na PUC em 1975. (Estudo de Rosa Freire d’Aguiar sobre correspondência de Celso Furtado na época; Curso ministrado por ele na disciplina “Economia do desenvolvimento” na Sorbonne, e adaptado para ser ministrado na PUC de São Paulo; artigo de Bresser-Pereira, um dos alunos do curso;  dois textos inéditos, sobre “A economia brasileira de 1850 a 1914” e sobre “A industrialização periférica”; longa entrevista ao Jornal da Tarde.)

 — Arquivos 3A saga da Sudene e o Nordeste. (Publicado em 2009, nos 50 anos da criação da Sudene, traz dois pequenos livros escritos na época: “Operação Nordeste” e “Uma política de desenvolvimento econômico para o Nordeste” — conhecido como Relatório do GTDN —, documentos raros como o discurso de posse; notas de uma entrevista feita pelo economista Albert Hirschman com Celso Furtado em 1960; e depoimento de Francisco de Oliveira para a CPI da Sudene, instaurada em 1978)

 — Arquivos 4O Plano Trienal e o Ministério do Planejamento (Versão integral do Plano Trienal; estudos e esboços de Celso Furtado para a criação do Ministério do Planejamento; entrevista de João Goulart sobre o Plano Trienal; resenha de imprensa mostrando a batalha ideológica em que se debatia o país no momento de elaboração e apresentação do Plano Trienal durante o governo Jango, etc.)

 Arquivos 5Ensaios sobre a cultura e o Ministério da Cultura (Introdução de Rosa Freire d’Aguiar sobre a cultura na obra de Celso Furtado; textos de Celso Furtado produzidos nos 3 anos em que foi ministro da Cultura (1986-88); nos 3 anos em que foi o único brasileiro membro da Comissão Mundial de Cultura e Desenvolvimento da ONU/Unesco (1992-95); em que foi membro da Academia Brasileira de Letras; entrevistas da época; textos de colaboradores seus, etc.)

 Arquivos 6Anos de formação 1938-1948. Este livro se estende desde o ano em que Celso Furtado termina, aos 18 anos, os estudos secundários, até a conclusão, aos 28 anos, da tese de doutorado de economia em Paris. Sumário: — Introdução de Rosa Freire d’Aguiar sobre os anos de formação. — Textos do Ginásio Pernambucano, Recife 1938. — Rio de Janeiro 1941-1946: produção jornalística; primeiros textos teóricos, voltados para administração e serviço público; primeiros trabalhos de de ciência política; correspondência. — A Segunda Guerra Mundial 1945: notas do diário de guerra, correspondência da guerra, textos sobre a guerra. — Os ares do mundo europeu, 1947-48: ensaios escritos em Paris; reportagens enviadas da Europa; correspondência. — Resenhas ao livro de contos “De Nápoles a Paris”. — Relatórios Confidenciais.  
 
 
 
 
 
 
 

 






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